Exposição de Crianças na Internet Levanta Preocupações sobre Segurança e Saúde Mental

Casos de Superexposição nas Redes Sociais

A exposição de crianças nas redes sociais tem gerado discussões sobre saúde mental e segurança online. Recentemente, um vídeo de uma mãe, publicado no TikTok, chamou a atenção. Nele, a mulher força sua filha a beber suco, ignorando os protestos da criança, que chega a chorar. A mãe justificou que sua intenção era corrigir o comportamento da filha, que disse ter o desejo de ter uma geladeira cheia do produto.

Repercussões nas Redes Sociais

O vídeo, que acumulou mais de um milhão de curtidas, recebeu comentários variados. Enquanto alguns apoiaram a mãe, outros a acusaram de abusar psicológica e emocionalmente da filha. A mãe, em resposta a críticas, afirmou que a atitude constitui uma forma de disciplina, dizendo que "jamais deixaria a filha crescer sem princípios".

Conceito de "Oversharenting"

Esses casos não são isolados. Termos como "oversharenting", que combina "exposição excessiva" e "criação de filhos", têm ganhado força nas discussões sobre a publicação da vida privada das crianças nas redes sociais. Maria Mello, do Instituto Alana, alerta que a superexposição pode afetar a saúde mental das crianças, prejudicando relacionamentos e autoestima.

Impactos na Infância

Outro caso relevante ocorreu em 2020, envolvendo a adolescente conhecida como Bel. Seus pais foram criticados por forçá-la a participar de vídeos que posteriormente se tornaram populares no YouTube, o que levantou preocupações sobre a saúde emocional da jovem. Agora, aos 18 anos, Bel afirmou que não foi forçada, mas o caso gerou um debate significativo sobre a segurança e bem-estar infantil.

Consequências Psicológicas da Exposição Digital

Especialistas advertem que a prática de expor crianças em momentos vulneráveis pode prejudicar seu desenvolvimento psicológico. Mello observou que a digitalização da vida das crianças traz incertezas, com dados pessoais que podem afetar seu futuro. A psicóloga Patrícia Guillon Ribeiro complementa que a exposição a críticas online pode distorcer a compreensão de moralidade nas crianças, gerando confusão sobre comportamentos aceitáveis.

Exposição e Modelo Familiar

A normalização dessa superexposição pode influenciar outras famílias a seguir o mesmo caminho, potencializando o risco de danos emocionais. Virgínia Fonseca, uma influenciadora digital com milhões de seguidores, defendeu suas escolhas de compartilhar a rotina com seus filhos, reafirmando que continuará a expô-los enquanto forem pequenos.

Considerações Legais e Comerciais

A exposição de crianças para faturamento traz ainda mais complexidade. Mello menciona que, ao gerarem receita, essas crianças podem ser consideradas mini-influenciadoras, o que exige rigor legal e um alvará judicial. A advogada Cléo Garcia critica a naturalização dessa prática, ressaltando que as crianças não têm a maturidade necessária para compreender as implicações de sua exposição.

Mudanças no Comportamento dos Pais

Frente a esses riscos, alguns pais estão optando por não expor seus filhos nas redes sociais. A influenciadora Maya Eigenmann, após refletir sobre os riscos, decidiu não publicar mais a imagem de seus filhos, destacando a preocupação em preservar sua privacidade.

Conclusão: A Necessidade de Responsabilidade Digital

A discussão sobre a exposição de crianças nas redes sociais enfatiza a importância da responsabilidade digital. Especialistas recomendam evitar a publicação de conteúdos íntimos e situações constrangedoras. Além disso, é necessário que o Estado implemente políticas educativas e regulatórias que zelem pela segurança das crianças em ambientes digitais.

A Meta, que controla o Instagram, e o TikTok foram contatados sobre as publicações consideradas prejudiciais, mas não se posicionaram abertamente sobre o assunto. O TikTok afirmou que está avaliando o caso da mãe e sua filha, com a possibilidade de aplicar regras se as diretrizes forem violadas.

Com informações de: BBC News Brasil.